Após 2 anos morando na Estônia, fomos embora para Londres

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Texto revisado pela minha irmã Thamiris. Valeu pela revisão incrível! ❤️ ❤️ ❤️ ❤️

Olá pessoal! Quanto tempo, hein!?

Os anos que se passaram não foram exemplos de um grande número de publicações de blog posts, mas foram anos de grandes mudanças para mim. Espera, mudança!? Isso mesmo, enquanto o apocalipse rolava no mundo, eu: Tchau Estônia, olá Rainha!

“Mas gente… Como assim?” Vocês se lembram daquele post sobre 1 ano vivendo na Estônia? Lembram que levantei pontos bons e ruins? Então, os ruins começaram a nos incomodar muito. Depois de um ano e alguns meses morando lá, veio a pergunta: Queremos viver aqui por uma década? E, infelizmente, a resposta foi não.

O principal problema: o idioma, a necessidade de aprender o estoniano. Aprender o idioma local é essencial para abrir novas oportunidades, para sentir que está pertencendo ao país e claro, para aplicar para residência permanente. Aprender um idioma tão distante do nosso, do qual tivemos pouco contato, é uma tarefa difícil. Tentamos algumas vezes, foi divertido, mas não era fácil manter o empenho. Porque lá no fundo, não queríamos investir tanta energia em um idioma falado somente por um pequenino país no mundo.

Conclusão: Não estávamos morrendo de amores pela Estônia para investir tanto tempo e esforço assim em um novo idioma. Então a decisão mais racional era procurar por novas oportunidades; e desta vez, fora da Estônia.

Mas calma lá! Não estou dizendo que a Estônia é um lugar ruim, longe disso. Se eu não tivesse encontrado novas oportunidades em outro país, provavelmente ainda estaria morando por lá. Sem contar que as coisas na Estônia estão ficando ainda melhores para nós brasileiros! Cada vez mais as pessoas brasileiras estão presentes na migração proporcionando mais e mais conteúdos em português. Por exemplo, agora temos o website Tere Tallinn, fundado por um casal brasileiro, com diversas curiosidades, vídeos, notícias e procedimentos listados totalmente em português. Até uma consultoria chamada Bravest*, disponível para ajudar brasileiros na busca de emprego até a mudança para Estônia. “Quando chegamos, era tudo mato”, mas agora as coisas estão mais fáceis, acredito eu, que vai continuar melhorando cada vez mais. A Estônia pode ser um ótimo país para investir e morar.

*Bravest: Eu nunca usei a Bravest, então não sei se a empresa é boa no que se propõe. A sua menção não é uma propaganda e nem um incentivo a usá-la, servindo apenas para exemplo do fato citado.

Mesmo com as coisas ficando melhores para as pessoas brasileiras, nós dois estávamos decididos. O foco estava em oportunidades nos países de língua próxima a nossa nativa (Portugal e Espanha) ou na língua inglesa (Reino Unido, Irlanda, Canadá, EUA e Austrália), porém devido ao vírus da COVID-19, foi muito difícil receber qualquer resposta das empresas escolhidas. Somente depois de inúmeros CVs enviados, finalmente a Duffel me chamou para uma entrevista. Deu tudo certo, deu match! E lá vamos nós morar em LONDRES!

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A nossa adaptação foi mais fácil do que quando nos mudamos para Estônia. Já tínhamos passado por uma algo semelhante, então, apesar de alguns perrengues, deu tudo certo. A burocracia na Inglaterra é maior, mas não é tão ruim, além do idioma ajudar muito no entendimento do que está escrito ou do que estão dizendo. Os pequenos incômodos por causa da língua desapareceram em grande maioria e os ingleses, em sua grande parte, são mais simpáticos em seus atendimentos, o que facilitou nossa mudança.

Outros fatores também ajudam, como o acesso a produtos e serviços de entrega que buscam proporcionar maior conforto e segurança na pandemia. Existem também muitas opções de culinária, visto que pratos do mundo todo – praticamente – estão aqui, o que torna o acesso a produtos e restaurantes brasileiros muito mais fácil. Além disso, aqui existem diversos tipos de entretenimento dos quais podemos consumir, agora que o idioma não é mais uma barreira, como peças teatrais. Sem contar as oportunidades; em menos de um ano, minha esposa, e noiva, Stephani conseguiu um emprego. Hoje ela está trabalhando e estudando.

Um outro fator que ajuda bastante a melhor adaptação é a diversidade na população, tendo pessoas de todo canto do mundo e em grande quantidade. Seria Londres uma cidade de imigrantes? Basicamente, você é só mais um no diverso rio de pessoas diferentes que tem aqui. O que é ótimo.

Claro, nem tudo são flores. O custo elevado do aluguel pode acabar forçando pessoas a morar longe do centro da cidade e sofrer com a distância da locomoção. Eu mudei durante o lockdown, então os preços dos apartamentos estavam abaixo da média, o que facilitou conseguir um bom negócio (que mesmo assim doeu no bolso). Provavelmente, vou chorar muito quando ver os preços atualizados no dia em que eu quiser mudar de apartamento.

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Cidade grande é igual a distância grande. Com muitos carros e trânsito, nem usamos aplicativos de deslocamento como Uber ou Bolt. Não só para evitar engarrafamento, mas também por causa dos preços mais elevados. Damos preferência ao transporte público, que funciona por um preço mais justo, e que mesmo assim continua caro. Lembra bastante a época em que me locomovia por São Paulo, era sempre de 20 a 40 minutos de um ponto para outro.

Mais pessoas vivendo, mais caos! A desigualdade é mais evidente e volta a chocar algumas vezes. Por entendermos melhor o idioma e estarmos por dentro das notícias, não é raro ouvirmos sobre algum assassinato, roubo ou assalto; o que aumenta um pouco o medo de andar a noite, mas ainda assim nada comparado com São Paulo.

Recomeçar em uma cidade durante o armagedom está tornando um pouco mais complicado de fazer novas amizades. Por sorte, já tínhamos alguns amigos vivendo por aqui que nos ajudaram a viver dentro de uma bolha. Os sociais da empresa (e que são raramente presenciais) também ajudam, mas ainda não se compara com o número de pessoas e lugares que conhecemos durante a pré-pandemia na Estônia.

Contudo, essa é uma mudança que foi para melhor. Estamos muito felizes com Londres, muito mesmo. Se um dia esse apocalipse acabar, acredito que vamos aproveitar muito a cidade e viver muita coisa legal. Para esse ano novo 2022, vou tentar aparecer com mais frequência por aqui. Quem sabe, um novo dia de grandes mudanças voltam a acontecer?